quarta-feira, 8 de abril de 2009

Por mentira na Austrália, McLaren corre novo risco de ser excluída do Mundial

Que a McLaren terá de enfrentar um julgamento do Conselho Mundial da FIA no próximo dia 29, todos sabem. Afinal, a equipe foi considerada culpada no caso envolvendo Lewis Hamilton e Jarno Trulli no GP da Austrália, que culminou com a eliminação do inglês e do seu time da prova depois que foi comprovado que ambos mentiram aos comissários em Melbourne para tentar ganhar o terceiro lugar no tapetão. E, por isso, a escuderia de Woking agora corre o risco de eliminação até mesmo do campeonato.





Uma medida extrema demais? Talvez. Mas se trata da McLaren, e os comandados de Ron Dennis não são exatamente novos no banco dos réus — e nem mesmo gozam da simpatia de Max Mosley, presidente da FIA. E é a mistura destes ingredientes que pode resultar, senão em uma eliminação sumária, talvez em outra multa milionária como a paga em 2007, quando os prateados perderam todos os pontos no Mundial e ainda tiveram de pagar US$ 100 milhões (cerca de R$ 240 mi atualmente) por causa do infame caso de espionagem contra a Ferrari. Relembrando: Nigel Stepney, ex-chefe dos mecânicos da Ferrari, passou a Mike Coughlan, um dos projetistas da McLaren, diversos desenhos do carro da escuderia italiana. O time de Woking foi considerado culpado e, segundo Mosley, por muito pouco não foi desclassificado até mesmo do campeonato do ano seguinte.



Pois é este mesmo time, com este histórico, que será novamente julgado por conduta indecorosa. E em uma situação um tanto quanto estranha: Hamilton ultrapassou Trulli nas voltas finais da prova em Melbourne quando o adversário escapou da pista. Porém, como o safety-car liderava o pelotão devido a um acidente, Lewis cedeu sua posição a Jarno enquanto pedia informações ao time nos boxes. Tudo dentro do protocolo.
Depois da corrida, que terminou com Trulli no pódio atrás da dobradinha da Brawn, os comissários puniram o representante da Toyota, e Hamilton foi elevado a terceiro. E os pilotos chegaram assim a Sepang — até que a FIA percebeu que o atual campeão revelara aos repórteres que tinha sido orientado pela McLaren a fazer isso, uma informação que não havia sido dita no encontro em Melbourne.
Mais tarde, a entidade ouviu as escutas de rádio entre equipe e piloto, e ficou comprovado que Trulli só ultrapassou Hamilton pelo fato de o rival ter cedido sua posição. A FIA não gostou de ter sido feita de boba e desclassificou Lewis e a McLaren do resultado oficial, restituindo Jarno ao terceiro posto. E partiu para cima do time de Woking, que elegeu seu bode expiatório — Dave Ryan, considerado culpado pela mentira aos comissários — e tratou de salvar Hamilton, que alegou, com lágrimas nos olhos, que foi obrigado a não falar a verdade após o GP em Albert Park. E tudo isso resultou na convocação ao Conselho e na possibilidade, ainda que pequena, de exclusão.




A FIA vai julgar os prateados com base no artigo 151c do Código Esportivo Internacional, que trata das "quebras de regulamento baseadas em conduta fraudulenta ou quaisquer atos prejudiciais aos interesses de outros competidores ou dos esportes". O enquadramento aconteceu pelos seguintes motivos: o time deu declarações falsas aos comissários australianos; instruiu Hamilton a fazer o mesmo; não tentou retificar a informação — que prejudica um concorrente — antes do novo encontro com os comissários e repetiu os mesmos atos na Malásia.
Mas ainda há mais — e um fator que pode ser determinante nos rumos que o julgamento tomar. Meio ano após o "Stepneygate", Max Mosley foi — literalmente — pego com as calças na mão em um vídeo de sadomasoquismo com diversas prostitutas em Londres. O tablóide "News of the World" publicou a notícia em primeira página, e o dirigente quase deixou o cargo que ocupa desde 1993.

Mosley, contudo, conseguiu permanecer à frente da federação, e começou a procurar quem tinha sido o responsável pelo vazamento das imagens. E, segundo ele, o nome já é conhecido, mas não pode ser revelado — mas não são poucas as pessoas que imaginam que Dennis, afastado da F1 e do comando da McLaren a partir desta temporada, possa estar envolvido. Provas, entretanto, ainda não foram mostradas.Como não é mais ré primária — apesar de tal figura não constar dos autos do Conselho Mundial da FIA —, e somada a todo o ambiente com a qual tem lidado nos últimos tempos, a McLaren corre sérios riscos de ser novamente punida. Resta, agora, esperar para ver qual será a decisão do tribunal do Conselho Mundial.

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